quinta-feira, 19 de maio de 2011

CAPITÃO JOÃO PINHEIRO DE SOUZA E SEU FILHO O VISCONDE DE IPIABAS

JOÃO PINHEIRO DE SOUZA

Estes dois vultos eminentes da Familia Werneck merecem neste livro uma noticia especial.
Existem dois folhetos publicados por seus amigos, após suas mortes; o 1º em 1860,Tip. rua dos Ciganos, 43 e 45, ao qual se encontra hoje anexado um outro de 1882 trazendo o historico e os elogios à vida de seu filho, o Visconde de Ipiabas, de onde tiramos as noticias aqui transcritas.
"O Capitão JOÃO PINHEIRO nasceu em 3-3-787 em Sacra Familia do Tinguá; foi batisado na Igreja da Sé, no Rio de Janeiro; casou-se em 30-10-1809; requereu em seguida ao Governo de Dão João VI no Brasil, em 1816, uma sesmaria de terras na Margem esquerda do Rio Paraíba, Municipio de Valença, "quando (diz o Dr. L. G. de S. T. em 20-2-1860 nas suas exequias) a região era ainda sertão habitado por indios bravios, dos quais teve varias vezes sua casa invadida. Mas, seu genio generoso, pacifico e conciliador tornou sempre seu lar asilo sagrado para esses filhos das selvas".
"Serviu em diferentes postos militares de 2ª linha, sendo reformado em Capitão da mesma (idem Dr. L. G. de S. T.
"Foi agraciado por S. M. o Imperador, primeiramente com o habito, e depois, com o Oficialato da Ordem da Rosa."


VISCONDE DE IPIABAS

"Filho mais velho do Cap. João Pinheiro de Souza, nasceu em 27-7-1811, na Freguesia do Paty do Alferes; contava com 11 anos, quando seu pai mudou-se para a margem do Paraíba, sesmaria de S. João, concedida pelo Goerno, a partir do "Poço do Rumo", logo após a uma outra concedida ao Conde de Baependí, até em frente à posterior Estação do Comercio da E. de F. C. do Brasil.

Teve como 1º professor seu tio - Francisco das Chagas Werneck -, morador na Fazenda das Pindóbas; casou-se em4-2-841 com D. Anna Francisca de São José, sua prima, filha de seu professor, vindo a fundar a Fazenda do Oriente, que ainda hoje pertence a seus netos, de onde irradiou sua influencia e seus esforços durante sua preciosa existencia.

Construiu em terras das Sesmaria de São João, no povoado do Comercio, a Igreja de Sant'Anna, em 1876, quando era ainda Barão de Ipiabas, o que se constata da acta existente em um livro da mesma igreja -: "doou 12 braças por 20 de fundos de terreno para a igreja, e começou logo a sua construção", cuja acta é assinada por muitas pessoas de destaque social da localidade.

Major da Guarda Nacional em 23-11-1841; Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa em 19-10-1841, por serviços à causa publica; Cavaleiro da Ordem de Cristo em 29-10-1848; 1º substituto do Juiz Municipal em 31-1-1849; Coronel, chefe da 8ª Legião da Guarda Nacional em 16-5-1849; Oficial da Ordem da Rosa em 10-1-1851; Comandante Superior da Guarda Nacional de Valença e Paraíba do Sul em 26-7-1852; Comendador da Ordem da Rosa em 27-3-1855; 1º substituto de Juiz Municipal e de Orfãos em 26-2-1859; Reformado no posto de Coronel da Guarda Nacional em 2-6-1860, com honras de Comandante Sup. de Valença e Paraíba do Sul, recebendo nesse ato honroso documento do Governo Imperial; Socio fundador do Instituto Fluminense de Agricultura em 1861; Barão de Ipiabas em 26-12-1866, e com Grandeza em 3-4-1867; Comendador da Ordem de N. S. Jesus Cristo, por serviços à Instrução Publica, em 29-10-1873; e finalmente, Visconde de Ipiabas em 17-6-1882. Apenas um mês; assim quiz o distino.

Foi Presidente da Camara Municipal de Valença em varios quatrienios, Provedor da Santa Casa por longo tempo; libertou varios escravos, quando eles concorriam em seus atos para o bem publico. Concorreu para obras publicas e beneficencia com elevada quantia, devidamente descriminada no livreto aqui transcrito, que seus amigos fizeram publicar após sua morte, onde também se lêem os discursos funebres do Dr. Carlos Augusto de Oliveira Figueiredo, do Vigario Luiz Alves dos Santos, à beira do tumulo, do Vigario outra vez nas exequias em S. José de Tabôas, do Dr. Braz Carneiro Nogueira da Gama, no 7º dia em Sta. Tereza de Valença e finalmente de um dos chefes liberais, antagonista do falecido, Fernando Pinheiro de Souza, onde se observa a nobreza dos adversarios e o ideal comum do bem publico."

Faleceu aos 71 anos de idade, em 8-7-1882, produzindo em Valença, Vassouras, Paty do Alferes e mesmo Paraíba do Sul, um dia de luto pesado, que, resumindo as noticias e os discursos do livreto, direi, -- um dia de tristeza generalisada em que ninguém ousa sorrir, porque só cabe chorar; e nós, seus parentes, devemos agradecer a justiça dos homens daquela época, lembrando sempre este trecho do discurso do Dr. Figueiredo: "Do seio da imortalidade o Visconde de Ipiabas, pela recordação de suas altas virtudes, de seus constantes sacrificios, de seus inalterados sentimentos de abnegação e fidelidade politica, há de ser sempre a estrela que nos mostre o caminho do dever."

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